sexta-feira, julho 29, 2005

Lá fiquei eu, numa qualquer estrada marginal, nessa que fica à beira de qualquer coisa que nem importante é…
Estava agachado dentro de mim próprio quando um ruído vibrante me fez erguer a atenção. Era um camião enorme, pesado e cruel que – ao ver-me a levantar curioso da beira onde estava – insistiu em seguir em frente, na minha direcção…
Como quem estica todo o braço poderosamente musculado atrás, preparando um murro esmagador, também assim, aquele desenfreado turbilhão de sentimentos desagradavelmente esmagadores perfurou-me pelo meio do estômago… fazendo-me ceder perante a evidência do mais forte…
Dobrei, doridamente, os joelhos, caindo sofregamente de cara no chão… aquela mesma terra poeirenta que tinha vindo a ser o meu alimento forçado… O pó misturava-se com sangue, esvaído, que me escorria da boca…
Ali fiquei inerte durante anos… não chegara a morrer, mas também não vivi… Ali fiquei, recolhendo energia para poder erguer um braço sôfrego, pedinte por ajuda…
Ela não vinha… Aquele pó maquiavélico entranhava-se, cada vez mais, dentro de mim… O mesmo pó que, um dia, eu pensei que seria o néctar do meu crescimento com sucesso…
As minhas lágrimas foram levadas pela chuva… o meu ar foi tomado pela angustia… o meu sangue foi lavado pela terra árida… a minha dor, essa, permaneceu…
Derrotado, avistei, ao longe, uma mão… amiga? E, em lágrimas doídas, sem forças, esgotadas… lá lhe fiz um sinal mendigo…
Ao se aproximar, concentrei tudo o que tinha bem no fundo dos meus pulmões e expliquei-lhe quem eu era… disse-lhe tudo numa única palavra… num gemido… num grunhido…
Soltei, definitivamente a garganta rompendo o infinito silêncio… e… GRITEI…

terça-feira, julho 26, 2005

626 milhoes de Euros foram gastos só pelos portugueses em apostas no EuroMilhões. sim, 626.000.000 de Euros...
Depois venham-me cá falar da Crise... cambada de cromos do camandro. Para gastar 5 ou 10 euros por semana (quando não é mais!!!) no jogo há sempre dinheiro. No resto, é a conversa do "doi-me a cabeça".
626 milhões sairam. Quanto é que entrou?! Mesmo que tenha entrado muito, quantas pessoas beneficiaram da fortuna??? AH!!! entao isso deve querer dizer que uns andam a encher o bolso à custa dos outros... que novidade!!!!!!
Ponham-se a trabalhar que isso é que faz bem!
Parece que andam todos a tentar enrabar o suporte da fita-cola, mas nem vêm que quem anda com um dedinho enfiado no pacote são vocês!!! LOLOL
Vamos lá deixar de ser caracois... cabecinha lenta, lenta...

sábado, julho 23, 2005

Fechei os olhos…
Lá ficaram fechados
Não sei o que aconteceu a seguir
Não vi
Não tinha essa consciência
De certo que algo surgiu
Talvez uma menina bonita me tivesse passado à frente
Talvez uma árvore tenha começado a caminhar
Ou um prédio a uivar
Ou apenas a estrada se ter tornado, finalmente, no “caminho”
Interessa o que aconteceu?
Acho que não…
Simplesmente porque também dentro de mim,
Enquanto os olhos se fechavam para o mundo,
Aconteceu algo diferente…
Será que o mundo viu?
Será que tinha essa consciência?
Será que isso lhe interessa?
Também acho que não…
Respirei fundo…
E voltei a fechar os olhos!

sexta-feira, julho 15, 2005

Deixei de me preocupar

Uma relação de Amor também é uma relação de Ódio…
Independentemente do objecto do nosso Amor ser uma pessoa, uma coisa, uma situação… ou mesmo nós próprios… Esse estado de espírito celestial envolve, sempre duas cabeças:
- O Amor e o Ódio.
De um momento para o outro passa um comboio por cima de nós e leva-nos a vida toda… Toda a ironia está no facto de que é o comboio que esperámos tanto tempo para embarcar que vai destruir a nossa existência…
Será que ainda vale a pena continuar a sonhar?
Foi durante o mesmo sono que todos os sonhos se despedaçaram.
Porque é que continuamos – cegamente – a Acreditar que, um dia, tudo será diferente?
É essa mesma crença que nos cospe a realidade na cara, estilhaçando toda a nossa vida.
Um dia olharão para ti e, desviando o olhar envergonhado, te dirão:
- Nunca mais poderás viver; nunca mais poderás sonhar, nunca mais poderás sentir-te criança; ou nunca mais poderás comer aquele doce que tanto prazer te dava.
Atónito perguntarás porquê! Mas ninguém te saberá explicar…
“Nunca mais” é tudo aquilo que podes saber e entender.
Quando a tua vida for ceifada dessa maneira perceberás o que te transmito… mas só nessa altura.

O meu “doce” era tocar Guitarra. Mas a Guitarra não quer que eu toque nela…
- “Porquê?! Pergunto eu”.
- “Nunca mais” – respondem-me do outro lado.
É nesse momento que passo a Odiar aquilo que Amava…
Ódio e Amor são uma e a mesma coisa. É o sentimento que nós não conseguimos lidar!
Hoje encontrei uma solução… Hoje já não me interessa se Amo ou Odeio; se estou vivo ou não; se posso sonhar ou se vou, sempre ter pesadelos; se estou a ser criança ou idoso; se posso continuar a provar o meu doce preferido…
Hoje deixei de me preocupar… pois se o caminho que tenho vindo a percorrer não é o mais correcto… Mais facilmente poderei escolher o caminho que realmente é indicado para mim…