sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Envelheço…

Erro quando perco a paciência… erro quando sou intolerante…
Hoje vou tentar ter paciência para explicar o que sinto, tendo o máximo de tolerância com aqueles que (lendo) não entendem…
Porque o uso da Palavra é um dom… um verdadeiro dom… e eu não o sei usar… desculpa… se não entenderes, desculpa…

Será da idade? Envelheço…
Estranhamente (para mim) começo a ganhar aqueles quilitos a mais… Talvez seja por me interessar cada vez mais por comida! Começo a ter preferências sobre o que hei-de comer… coisa impensável quando era jovem… Comia o que me punham no prato e pronto.
Quando ando na estrada preocupo-me com as marcas, os modelos, o design, a cor, e até o barulho dos carros (para ver se são a gasolina ou gasóleo!)… simplesmente porque sei que deverá estar para breve a compra de um carro.
Olho para mim e para o futuro… O meu? Sei lá, o Futuro, em geral… O que é que eu vou fazer a seguir? Porque é que eu estou a fazer este Presente? Que Passado me levou a este ponto?
Olho para o Futuro… (sim, olho, simplesmente olho, porque não posso fazer mais do que isso… Ver o Futuro… só se esperarmos que ele aconteça…) e automaticamente vejo o Presente e o Passado…

Acho que não era nada disto que eu queria escrever… E essa situação é a prova de que este raciocínio até tem algum valor… para mim tem… para mim… será que só para mim? Para mim basta… Para mim, na minha opinião, no meu entender, eu só escrevo para Ti…

Estarei a ficar Velho? Maduro? Sensato?
Numa dessas viagens ao Passado/Presente/Futuro… todos os segmentos da realidade entram em conexão e toda a confusão parece fazer sentido…
Eu sabia que, um dia, eu poderia sentir que o que ficou para trás tinha algum sentido. Eu sei hoje o porquê de a Vida me ter obrigado a caminhar descalço sobre um caminho de chamas…
Eu Amei.
Eu sei lá se Amei…
Eu era jovem. Amei.
Hoje é tão claro, para mim… Só os jovens é que se apaixonam. Eles dizem que é para sempre. Choram por quem não vem. Sofrem por um pouco de carinho. Dar… e Receber…
Os jovens mostram o seu Amor. Trocam carícias, escrevem cartas de Amor, planeiam Serenatas, Sonham acordados…
Tenho saudades de ser jovem… Ainda o sou, no entanto… E não me sinto nada próximo disso… Velho e distante…
O tempo traz-nos a maior das virtudes… a Humildade.

Não consigo escrever mais…
Não sou jovem… mas Amo. Sim, Amo… e, apesar de tudo, faz todo o sentido! Amo a minha pequena Sobrinha. Se, de algum modo, pudesse trocar contigo… fá-lo-ia…
Limpo as lágrimas e recordo o meu Avô falecido que faz hoje anos…
Cada um de nós está rodeado de Passado e Futuro, e nem se apercebe que é o Presente em si mesmo…
Envelheço… E é essa velhice que me torna jovem…

2 Comments:

At domingo, fevereiro 26, 2006 7:10:00 da tarde, Blogger rita said...

Nuno, oh my god! Tem lá calminha velhote! A continuar assim, chegas aos trinta com artrose e tremuras na fala... aos quarenta começas a esquecer-te das coisas, aos quarenta e cinco não te auentas em pé e aos cinquenta babas-te todo deitado no sofá a ver as novelas da tvi o dia inteiro!!!
Ainda és muito novo, nuno, não desperdices a tua juventude. Afinal ainda podes ter um cartão jovem! Ainda tens tanto para fazer na vida... eu sei que não somos a idade que temos mas sim a idade que sentimos... Por isso é que eu gostava que te sentisses mais novo. :) Afinal, apesar de todas as cambalhotas que damos nela, a vida continua a ser bela (ai, que frase mais foleira! até rima!) um beijinho para o velhote nuninho! (bolas, outra rima...) ;)

 
At terça-feira, fevereiro 28, 2006 3:47:00 da manhã, Blogger rita said...

Ok, talvez o comentário anterior tenha sido despropositado... mas eu só tentei ironizar um pouco porque me preocupa esse teu envelhecimento precoce... sem qualquer juízo de valor (obviamente, não te censuro!), preocupa-me que, tão novo (porque embora não o admitas, és novo, és jovem) penses ser tão velho... eu sei que o Passado persegue o Presente que somos e como isso nos baralha o Futuro... mas sei também que há serenidades que só se encontram quando aceitamos aquilo que, com o Passado que fomos, o Presente nos faz. E isso é uma forma de maturidade que não implica abdicar da juventude. É só isso que me faz confusão, nuno... por vezes tenho a sensação que abdicas dessa tua juventude... mas guardamos isto para uma conversa. :)
um beijo grande

 

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