quinta-feira, maio 26, 2005

Quanto mais coisas temos, mais coisas sentimos que não podemos perder

Kritartha contou-me uma história… sussurrou-me o segredo para se apanhar macacos, numa selva!
Abrimos um pequeno buraco num coco, esvaziamo-lo e metemos outra fruta lá dentro. O macaco será atraído pelo cheiro da comida e a sua curiosidade fará com que ele meta a mão dentro do coco…
A princípio custar-lhe-á introduzir a mão naquele pequeno buraco, mas ele consegue ultrapassar esse obstáculo… E aí agarrará a fruta! Ao fazê-lo, a sua mão vai abrir um pouco… o suficiente para que ele não a consiga tirar com a sua comida!
O macaco tem, então duas hipóteses:
Ou ele “abre mão” da comida ganhando, assim, a sua liberdade…
Ou ele persiste na inútil tentativa de continuar agarrado a algo que ele não pode ter…
É claro que o seu espírito ganancioso prefere continuar agarrado àquilo que – aparentemente – conquistara! Mesmo que isso implique a perda da sua Liberdade…

Será esta uma simples história de macacos… ou será que a personagem principal é cada um de nós…
O ser humano “quer” ter coisas que não pode possuir. Assim que “agarra” o objecto do seu desejo não se permite a si mesmo “largá-lo”… Pensamos que possuímos… mas, na verdade, acabamos por nos tornar prisioneiros de nós próprios, do nosso ego, das nossas necessidades, das nossas fraquezas…
Ficamos com medo de perder… mas… o que é que ganhamos, afinal? Ganhamos medo de perder… será que a isso poderemos chamar – realmente – “ganhar”?

Quantas vezes eu penso… sinto… Aquilo por que eu luto não consigo conquistar. Mas facilmente alcanço as coisas quando nem preciso de fazer um esforço…

Sometimes I want you so badly that I can’t seem to find the way to reach you… Some other times I really don’t care for “the search of happiness”, and those are the moments I can reach fullfillment…

A vida é estranha… temos de abrir mão daquilo que realmente nos é importante para a podermos conquistar…
Muitas vezes ficamos cegos com a importância que as coisas tomam… e não damos conta dos erros que cometemos… Temos medo de abrir demasiado aquela mão e acabar sem nada… magoados, tristes e sozinhos… Temos medo de deixar fugir o que queremos… temos medo que se perca para sempre, sem nunca mais voltar… temos medo do excesso de liberdade… Mas é, mesmo, esse sentimento que devemos buscar!
Muitas vezes “estar só” e “não ter nada” acabam por ser verdadeiras necessidades… é a partir desses estados que podemos alcançar a verdadeira Liberdade! Ser Livres de nós próprios… Abrindo a mão, soltando o objecto de desejo, e fechando-a vazia… Livre… a partir daqui não teremos nada a perder!