terça-feira, maio 31, 2005

Deixa-me ir

Apetece-me partir esta merda toda!
Apetece-me atirar-te à cara todo o lixo que tu és. Magoar-te de propósito… tal como tu magoaste o meu coração.
Diz-me se o mereço… diz-me sinceramente! Diz-me se fiz mal em Amar-te, em Desejar-te, em Esperar-te, em Acolher-te… em Querer-te… se é que vem algum mal ao mundo através de tão nobres sentimentos…
Pois, tem razão o teu pensar… Só tem sentimento nobre o próprio nobre em si… E eu não sou nobre, não sou cortês, não sou gentil, não sou meigo, nem carinhoso, nem sensível. Sou o maior filho da puta que já pisou a terra. Sou o cabrão que merece é comer terra e excrementos ressequidos. Sou o escarro indesejado de uma boca imunda…
Eu tentei Amar-te, Vida… tentei… Mas tu não quiseste o meu Amor. Então que se foda! Agora apetece-me espancar-te… dar-te murros violentos até te ver sangrar estupidamente… Quero ver-te sofrer. Quero vê-lo com os meus próprios olhos. Quero rir-me da tua cara desfigurada, minha animal…
Quero gozar contigo, Vida! Quero fazer-te sentir a dor… Dor, minha puta, sabes o que isso é? Sabes? Eu mostro-te.
Metes-me nojo… Vou-te rasgar essa carinha linda! Vou-te partir esses dentinhos todos! Vou-te violar e abrir-te esse rabinho ao meio, minha vaca! Vou cuspir-te na cara… Mas primeiro vou-te encher de maçadas… Assim, devagarinho, uma por uma… para doer mais… e a cada vez que puxo a mão atrás concentro todo o meu ódio que sinto por ti, Vida, no meu punho…

Comecei a ofegar à medida que a dor nas minhas mãos ia, cada vez mais, tornando-se insuportável… E comecei a chorar… já não sentia os pulsos… queria berrar mas a minha face distorcida custava-me a mexer…
Acabara de me dilacerar… e já não tinha mais forças para reagir… rendi-me no chão da sala… e pedi a essa Vida para me cortar as últimas golfadas de ar que, em esforço, teimavam em invadir-me os pulmões atrocidados…
Deixa-me ir… Por favor, Vida, deixa-me ir de uma vez por todas…