segunda-feira, fevereiro 07, 2005

O feiticeiro

A nossa imaginação pode-nos levar a muitos sítios… aliás, a nossa imaginação leva-nos a recordar muitas boas memórias adormecidas na nossa cabeça… Isto porque imaginar nada mais é do que um “corta e cola” de experiências que já tivemos! Reordenamos os pedacinhos das nossas vivências que anteriormente seleccionámos como positivas e juntamo-las todas bem ordenadinhas.
Esta maneira de pensar não deve ser grande novidade… vi-a numa série (Angels in America) e mais recentemente num workshop de John Scofield.
Dá que pensar, não? Se formos a ver, nada é realmente original… já foi feito, dito, escrito… repetido e repetido e repetido… Hey! O abecedário só tem 23 letras! Não podemos inventar muito!!!

Pensando um pouco mais à frente… quem nunca viveu certas experiências não pode imaginar para além de um certo limite… falta-lhe informação! Deve ser por isso que todos os escritores são pessoas muito experimentadas pois têm sempre muitas histórias para contar!
Felizes de quem têm histórias para contar…
Vejo-me agora ao espelho… reflicto… suspiro… Eu nunca vi um prado solarengo e verdejante; ou uma rocha esculpida em forma de coração; ou a cor dos teus olhos no azul do mar; ou uma nuvem em forma de ovelhinha; ou o teu beijo doce e terno de quem diz “amo-te”; não sei a que sabe a lágrima de uma criança; ou um raio de luz; ou uma tenra carícia flamejante de desejo; não sei sequer o teu nome… nem faço ideia de como devo olhar para ti…

Gostava de imaginar-me a correr perdidamente ao sabor do vento para saber o como tocam os meus pés nus na relva molhada. Gostava de me atirar de um precipício para sentir o que é ser livre, pois aí saberia quanta força tem o ar. Gostava de fechar os olhos e nunca mais abri-los, para ter a certeza do horror de uma prisão. Gostava de saber jogar ao berlinde para poder ter motivos para sorrir. Gostava de olhar para ti… gostava de saber gostar…
Que é feito daquelas pastilhas Gorila! Gostava de comer 3 ou 4 de uma vez para fazer um balão do tamanho do mundo!!!

Sou um triste errante que nada faz da vida… porque não tenho memorias… não tenho imaginação… mas eu sei onde ela está… diz-me tu se eu sei! Apesar de ser cego e não ver o mundo sei que aquele prado existe… é fresco… sopra uma brisa leve no ponto onde estou… é o ponto mais alto do mundo… lá longe, naquela rocha do tamanho de um punho fechado onde estendo a toalha e me deito contigo, admirando os teus profundos sentidos olhos castanhos… enquanto tu apontas para o céu e agarras a perna da ovelhinha e me a ofereces como um presente… como esse beijo de Amor… que eu recebo como se fosse a lágrima da minha sobrinha… devolvo-te o raio de luz que tu me deste, e que ilumina o meu coração, com uma carícia…
Olho para ti como se fosse a ultima vez… como se tu já começasses a desaparecer… e digo o teu nome… digo? Não! Escrevo o teu nome no mundo de pastilha elástica que criei, e assino por baixo tudo aquilo que me fazes sentir!

Nunca vivi nada disto… por isso a minha imaginação está vazia… mas tu és os olhos de um cego que eu sou; tu tocas as cores da vida e sopras-me tudo ao ouvido; tu és o meu abraço, o meu colo, o meu beijo… tu levas-me onde eu gostava de ir…
Sou um feiticeiro! Tu dás-me a poção magica e eu construo mundos sobre o mundo fascinante que me inspiras…

Eu não sou nada… mas tu dás-me tudo…

1 Comments:

At terça-feira, fevereiro 15, 2005 12:31:00 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Caramba... :)
Sai da toca...

 

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