domingo, fevereiro 20, 2005

Um canto

André adorava animais… trabalhava numa dessas lojas que pretendem oferecer aos bichinhos lares um pouco mais saudáveis do que aqueles a que estão habituados.
Ele Amava aqueles seus Amigos, por eles faria tudo! André era daquelas pessoas introspectivas, recatadas, atentas… vivia a vida pelo lado de fora, não tomando parte nem levantando ondas. Os seus bichinhos eram o seu mundo, a sua imaginação, o seu olhar… Dedicava-lhes a vida, cuidava deles com o carinho que uma mãe tem pelo seu primeiro filho.
No entanto, travava-se dentro dele uma cruel batalha… ele sabia que o lugar deles não era enfiados numa gaiola ou num aquário redondo; ele sabia que os devia libertar… a sua consciência sempre o levara por bons caminhos, estava confiante que desta vez não iria ser diferente…
Foi então que André decidira soltar todos os seus Amigos para que eles pudessem saborear um outro lado da vida… Ele estava disposto a ficar absolutamente sozinho, sem ninguém que pudesse Amar… porque a sua consciência lhe dizia que esse era o caminho a seguir… porque isso era o que o seu coração lhe pedia para ele fazer… porque ele sabia que, um dia, aqueles bichinhos voltariam a estar com ele…
André largou os papagaios e periquitos das suas gaiolas para que estes pudessem voar livremente… nunca mais voltaram…
Em seguida deitou todos os peixinhos ao rio para que estes pudessem respirar, de novo, água salgada… alguns quiseram voltar, mas já não podiam, era tarde demais…
Por último soltou todos os cachorrinhos e todos os gatinhos que tinha na sua loja para que as suas pequenas patas pudessem pisar, pela primeira vez, a terra e a relva fresca… mas logo encontraram outros donos que souberam trata-los e acarinha-los…
Ao olhar em seu redor a sua loja deserta, André sentiu o peso da saudade… entristeceu, pois ficara ali sozinho, sem ninguém que pudesse Amar. Mas ele não estava só… no fundo da loja tinha ficado uma pequena tartaruga, do tamanho da palma da mão, que agora se dirigia para André!
Essa tartaruga não o abandonara, não porque não tinha mais nenhum sítio para ir, mas porque o único sítio onde queria estar era aquele… ao lado de André… vivendo uma vida introspectiva, recatada, e atenta…

1 Comments:

At segunda-feira, fevereiro 21, 2005 12:15:00 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Metafora fixe... Amar é sobretudo kerer a felicidd do outro... é o supremo altruismo..
Xuac

 

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