sexta-feira, janeiro 21, 2005

Amor distantemente próximo

Será que posso Amar alguém que não conheço?
Fui envolvido pelo vibrar mágico daquelas cordas. Cada nota soava a doces e ternas palavras de carinho e devoção… Ali estava ela, sentada, escondida por detrás do violoncelo seguro entre o longo vestido que descobria as suas pernas semi-cerradas…
Por quem declamaria ela tal Amor? E porquê? Sofria…
Entre sons dedicados a outrem e apelos feitos ao próximo, fiquei eu sem saber o que pensar… o que dizer… o que sentir… Haverá algo mais bonito do que abrir a nossa Alma em nome do Amor? Aquele instante mostrava toda a sua fragilidade, mas também todo o seu encanto. Foi aquela nota… só uma…que disse tudo…
Eu vi aquele brilho intenso, aquela chama eterna de calor, aquela força viva que estava dentro dela… mas não era só Amor… era Dor… pois nem um nem outra conseguem viver separados.
Como eu gostava de lhe dizer algo, como eu gostava de falar a sua língua e retribuir-lhe com uma só melodia… mas que sei eu de música, nada! Teria que aprender mas não sei se sou capaz. Antes disso, não sei se o seu coração permitiria tal descaramento! Como poderia eu ser capaz de tal afronta… depois de tudo o que ela mostrou sentir…

A sua Dor faz-me sofrer a mim também…
Oh! Inocente tentação de ir mais além
Oh! Amargo mistério da solidão
Oh! Desesperado sentimento do precipício…
De um sonho fictício eu ganhei vida
Por entre sussurros de Amor eterno
Este Inferno me consome ao infinito

O brilho no seu olhar, nunca o esquecerei
Era Vida, era Sorte…
Era o som anunciado de uma morte.

Será que posso Amar-te mesmo sabendo que não te conheço? Talvez já te Ame e inicio agora o vibrar mágico das minhas cordas… como se te dissesse ao ouvido doces e ternas palavras de carinho e devoção…

1 Comments:

At sexta-feira, janeiro 21, 2005 11:50:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Tudo o que eu vejo é escuridão, morte, corações partidos, «Flash back» dos dias sós... ninguém sabe nada sobre a dor, eu carrego-a noite e dia andando em redor com sorrisos falsificados. A minha mente anda afastada da realidade, eu tento escapar, mas ela prende-me a mim. Eu não posso fugir ou esconder-me pois ela encontra-me sempre. Gostava que todos podessem ver a minha dor, que todos vissem como me sinto... Todos os dias, ao sair de casa, vejo aquela gente que me magoou tanto... Só quero que desapareçam, mas não, eles estão ali apenas para me magoar... fazem troça, fazem-me chorar... a dor toma conta de mim, controla cada movimento que faço, mas eu vou esperar... até ao dia em que tudo acabe, que todas as mentiras desapareçam, que a tragédia se perca em caminhos inacabados, e quando as últimas lágrimas caírem... Estarei livre.

Não custa nada escrever o que se está a sentir :)

 

Enviar um comentário

<< Home